terça-feira, 2 de junho de 2020

On   


Fatores de risco para COVID-19: Anti-hipertensivos em pacientes com COVID-19:
Com a Pandemia de COVID-19, e o grande volume de informações que surgem na mídia e nas redes sociais, muitas vezes soltas e interpretadas de maneira equivocada por profissionais de outras áreas, tornando necessário o esclarecimento de algumas dúvidas, a partir de materiais de fontes serias e consagradas na literatura médica.
Uma das informações que mais circula é a relação da idade e de algumas doenças ou condições, chamadas de Fatores de risco para maior susceptibilidade a desenvolver formas graves da doença (SARS-COV-2), conhecida como “Síndrome Respiratória Aguda Grave”.
Um dos supostos fatores de risco mais citados, é a hipertensão arterial além de aventada a hipótese de um grande grupo de medicamentos muito importantes no tratamento dessa patologia e da insuficiência cardíaca, terem seus mecanismos de ação associados ao desenvolvimento desta forma grave, através de mecanismos moleculares que atuariam dentro da cascata de eventos desencadeados pelo mecanismo de ação do medicamento.
No entanto, como publicado em 30 Março de 2020, em uma das mais importantes publicações do mundo, o New England Journal of Medicine (NEJM), em artigo: Renin Angiotensin Aldosterone System Inhibitors in Patients with Covid-19, que trata do uso desse grande grupo de medicamentos do qual fazem parte inúmeras medicações muito utilizadas no prática clínica em pacientes com COVID-19 (suspeitos ou confirmados) analisando dados dos estudos existentes e series de casos publicadas durante a epidemia na China.
Foi observado, em síntese, que apesar de desde a epidemia anterior por um outro tipo de Coronavirus (SARS-COV-1 - entre 2002 e 2003), existir a preocupação da interação entre o vírus e o grupo de medicamentos como fator potencializador de sua infectividade, participando como parte da virulência (capacidade de causar danos) do coronavírus, NÃO EXISTEM AINDA DADOS SUFICIENTES PARA APOIAR OU AFASTAR ESTAS PREOCUPAÇÕES.
Nestas séries de casos da China lançadas durante a pandemia de COVID-19, a Hipertensão foi condição coexistente mais frequente em 1099 pacientes com prevalência estimada de 15% porém ela parece ser menor do que a prevalência estimada em outras infecções virais.
Na China de 30 a 40% dos pacientes com hipertensão são tratados com antihipertensivos, destes apenas 25 a 30% usam os medicamentos deste grupo e não existem dados do padrão de uso das medicações e o resultado dos tratamentos, para conhecermos se as indicações de tratamento foram adequadas, o que dificultaria muito a analise da correlação entre o uso destas medicações em relação ao desenvolvimento do quadro grave da doença.
Sabemos que o uso dessas medicações é de benefício inquestionável em pacientes com hipertensão arterial (Pressão alta) e insuficiência cardíaca, DEVENDO SER MANTIDA, como é consenso das sociedades Europeia, americana e brasileira de cardiologia.
Dr. Danilo Stabile Gonnelli ( Especialista Clínica Médica)
Dr. Carlos Alberto Gonnelli (Especialista em Cardiologia, Terapia intensiva e Clínica Médica)